Ruído de baixa frequência – situação na Europa
Neste artigo faz-se uma introdução ao tema “Ruído de baixa frequência – situação na Europa”.
A incomodidade associada ao ruído de baixa frequência, tipicamente associada ao funcionamento de maquinaria, é um fenómeno atualmente reconhecido pela comunidade internacional.
No interior dos edifícios e a determinada distância da fonte geradora de ruído, as correspondentes emissões de média e alta frequência são, na maioria dos casos, atenuadas/dissipadas pelo solo e/ou pela fachada do edifício, sendo, também, absorvidas pelo ar que medeia entre a fonte e o recetor. Nestes casos é, então, o ruído de baixa frequência, que é escutado/”sentido” no interior das habitações, gerando consequentes queixas por incomodidade também devido ao facto do ser humano ser mais sensível as estas frequências do som.
Aqui faz-se uma apresentação da regulamentação em alguns países da Europa considerados representativos.
Ruído de baixa frequência – situação na Europa – Dinamarca (1)
Para a avaliação de ruído de baixa frequência, é utilizado o nível sonoro com ponderação A medido nas bandas de frequência de terços de oitava entre 10 Hz e 160 Hz.
As medições são efetuadas durante um período de referência de dez minutos em, pelo menos, três pontos da divisão da habitação onde os queixosos referem sentir maior incomodidade, com portas e janelas fechadas.
É escolhido um ponto de medição perto de um dos cantos da sala, afastado 0,5/1 m das paredes adjacentes e a 1/1,5 m acima do chão. Os restantes dois pontos de medição são escolhidos de modo a serem representativos de ocupações normais na sala, afastados de, pelo menos, 0,5 m das paredes e de mobiliário de grandes dimensões e a 1/1,5 m acima do chão.
As condições de funcionamento da presumível fonte de ruído perturbadora devem ser representativas da situação correspondente à reclamação em análise, procurando-se que as medições a efetuar ocorram em situações em que o ruído residual local seja o mais baixo possível.
Terminado o ensaio, é calculada a média energética dos níveis sonoros com ponderação A medidos nos três pontos da sala, sendo o resultado comparado com valores de referência indicados na tabela a seguir apresentada, que serão reduzidos de 5 dB no caso de o ruído exibir características impulsivas.
Habitações, entardecer e noite |
20 dB |
Habitações, dia |
25 dB |
Salas de aulas e escritórios |
30 dB |
Outros locais em empresas |
35 dB |
Alemanha (2)
De acordo com o método alemão de 1997 (menos severo que a mais recente versão de 2013), a avaliação de ruído de baixa frequência é efetuada através de uma medição acústica preliminar cujo resultado permita evidenciar a pertinência da realização de medições em bandas de frequência de terços de oitava.
Assim, se nesta medição preliminar a diferença entre o valor medido com ponderação C e o valor medido com ponderação A for superior a 20 dB, são efetuadas medições nas bandas de frequência de terços de oitava, sendo os resultados obtidos comparados com os valores de referência indicados na tabela a seguir apresentada.
Frequência |
10 |
12,5 |
16 |
20 |
25 |
31,5 |
40 |
50 |
63 |
80 |
dB |
95 |
87 |
79 |
71 |
63 |
55,5 |
48 |
40,5 |
33,5 |
33 |
Se, durante a noite, o ruído em avaliação exibir características tonais e exceder os valores de referência, então a incomodidade é considerada procedente. Durante o dia, é permitido que o ruído, mesmo com características tonais, exceda em 5 dB os valores de referência.
Se, durante o dia, o ruído em avaliação não exibir características tonais, deve ser cumprido o limite de 35 dB(A) nas referidas bandas de frequência de terços de oitava, utilizando-se apenas os resultados obtidos nas bandas em que os valores de referência são excedidos. Durante a noite aquele limite passa a ser 25 dB(A).
Suécia (3)
De acordo com o método sueco, na avaliação de ruído de baixa frequência devem ser efetuadas medições nas bandas de frequência de terços de oitava entre 31,5 Hz e 200 Hz, não podendo os resultados obtidos exceder os valores de referência indicados na tabela a seguir apresentada.
Frequência |
31,5 |
40 |
50 |
63 |
80 |
100 |
125 |
160 |
200 |
dB |
56 |
49 |
43 |
41,5 |
40 |
38 |
36,0 |
34 |
32,0 |
Ruído de baixa frequência – situação na Europa – Espanha/Barcelona(4)
Tal como na legislação portuguesa, também a legislação em vigor em Barcelona refere o parâmetro LAr (nível de avaliação) como indicador do ruído ambiental.
Este indicador engloba três fatores de correção:
- Kt – para ruído tonal (como na legislação portuguesa)
- Ki – para ruído impulsivo (como na legislação portuguesa)
- Kf – para ruído de baixa frequência
sendo que a soma destes não pode exceder 9 dB.
Para a aplicação da correção Kf, são efetuadas, nas bandas de frequência de terços de oitava entre 20 Hz e 160 Hz, três medições do nível sonoro contínuo equivalente com ponderação C e com ponderação A.
Se a diferença entre os valores obtidos for inferior a 20 dB, é considerado que o ruído em avaliação não exibe características significativas de baixa frequência.
A correção Kf só é aplicável se as características de baixa frequência forem detetadas em, pelo menos, duas das três medições efetuadas. Nestes casos, ao valor medido sem ponderação e em cada uma das bandas de frequência de terços de oitava entre 20 Hz e 160 Hz, é subtraído os limiares de audição indicado na ISO 226, que se podem ver na tabela a seguir apresentada.
Frequência |
20 |
25 |
31,5 |
40 |
50 |
63 |
80 |
100 |
125 |
160 |
dB |
78,5 |
68,7 |
59,5 |
51,1 |
44,0 |
37,5 |
31,5 |
26,5 |
22,1 |
17,9 |
Em seguida é calculado o parâmetro LB, resultante da soma energética dos valores positivos obtidos após a referida subtração.
O valor do fator de correção Kf é, então, obtido em conformidade com o indicado na tabela a seguir apresentada.
LB |
Kf |
LB < 25 dB |
0 dB |
25 dB < LB < 35 dB |
3 dB |
LB > 35 dB |
6 dB |
- Information from the Danish Environmental Protection Agency no. 9/1997
- SOSFS 1996:7/E – Indoor Noise and High Sound-Levels. General Guidelines issued by the Swedish national Board of Health and Welfare. 1996
- Butlletí Oficial de la Província de Barcelona, Dilluns, Exp. Núm. 13DJ078, 28 d’abril de 2014
A seguir pode ver uma apresentação sobre este tema
A Ruido de Baixa Frequência Engenharia pode colaborar em:
1. Através de ensaios acústicos, identificar a existência de ruído de baixa frequência de acordo com a metodologia da norma Alemã DIN 45680:2013 – Medição e avaliação de imissões de ruído de baixa frequência;
2. Identificar as fontes de ruído de ruído de baixa frequência;
3. Definir as ações necessárias para eliminar o ruído de baixa frequência;
4. Seguir a implementação dessas medidas.
Caso pretenda alguma informação adicional, por favor contacte-nos.